Para fazer um recorte do mundo é preciso ter outros tantos recortes dentro de si. A fotografia é tudo o que a precede: as andanças do fotógrafo, as gavetas abertas, as esquinas dobradas. O retrato de interiores pede uma percepção atenta da realidade lá fora. Para fotografar a arquitetura é preciso mergulhar na urbanidade, na dança cotidiana, na cidade. Antes de tornar o instante estático, é necessário ler o movimento de tudo: da luz, do ser, do caos. Antes de criar o alinhamento preciso e a composição simétrica, é essencial reconhecer a beleza do que foge da linha e subverte a ordem. Então, com rigor, visão e método, finalmente apertar o botão e contar uma história.